There is no easy way to bathe a hummingbird.- Kehlog Albran
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A circunspecção está ultimada. A do Ano. E a da Ana. E nem foi preciso
fechar para balanço. Tenho este hábito, que faz parte do meu diário de bordo e
é permanente. Sou daquelas pessoas que está permanentemente a pensar e que,
mesmo assim, às vezes cede aos impulsos, sejam bons ou maus. Não interessa
muito. Penso já ter partilhado que valorizo mais a riqueza dos gestos
espontâneos e leais, do que os delineamentos conjecturados à luz de círios sem
material que os inflame.
Gosto de Colibris. E de chocolate. Já sabia isso. Mas apetece-me
concluí-lo e escrevê-lo, dizendo-o sem temor que me caia a mão celeste do
castigo pelas costas abaixo.
Tenho ancas, pele e braços, que no curso do 2011 me ficaram leves umas
quantas vezes. E tenho saudades disso.
Tenho ossos, cabelos e pernas, que muitos passos deram presos ao quero e não quero, posso mas não posso,
sinto e sim, eu sinto.
Tenho olhos, dedos e ouvidos que encontraram, deixando-se trespassar,
por sons deliciosos, que vão muito para além do tom final.
E gosto de chocolate. Mas abandonei os tubos pretos e longos,
trocando-os por cigarros mal enrolados, porque tento deixar de ser gulosa e ter
entendido que há coisas que devemos saborear mais ao longe, escondidos atrás de
um pilar qualquer que nos proteja.
Li muitos livros. Trouxe-os para junto de mim. Risquei-os sem querer com
o verniz vermelho das unhas. Também os dobrei, em algumas pontas e ao meio.
Conheci-os. Até me deparei com um que me enfia num estado paranóide por achar
que fala comigo, só comigo. Leio-o devagar, como nunca li nada.
Ultrapassei o esconde-esconde da
minha escrita, firmando letras para quem me lê. Estou orgulhosa de mim e da
gatinha deitada no meu colo, por iniciativa própria, sentindo que nos momentos
em que caceteio teclas ou sulco cadernos, é no meu colo que ela fica bem.
Fiz tantas mais outras coisas. Mas sobretudo senti. Muito e
profundamente. Segui a dica conquistadora e passei a espreguiçar-me na cadeira.
Desde aí, faço-o sem elevações de pudicícia. É tão bom.
A seguir, a partir de domingo às 00.00h, em que todos saltamos em cima
de um pé, damos abraços e rimos, tendo mil e um rituais a fazer, os quais não
me incomodam nada, vou continuar tudo o que decidi vaticinar aqui. É o que levo
comigo, prevendo que será afortunado.
Por isso, Feliz Ano Novo. Handle it with care.