Minha mesmo! Porto, 2011.12.12 |
Não passamos de
uma rede de pontes. Entre nós e os tantos outros que compõe o dédalo de vias da
serventia exagerada de fôlegos, os mesmos com que nos vamos arrojando vida a
fora. Ou a dentro. Perspectivas com as lunetas assentes.
Dá-me uma caneta e um pedaço de papel.
Prometo escrever a tua história, construindo
uma ponte entre os teus passos e os meus olhos.
Assim, ninguém se molha sem ser de comoção e
de alegria, por alguém te ter visto.
Tem de ser sobre ti.
Quando a lavra é amplificada, por itinerários
da desordem, dá-me só uma caneta e um bocado de papel. Escreverei sobre ti.
Não chega a inspiração, a concussão, a prostração.
Não chega a musa, a mística, a poesia.
Então, escreverei sobre ti. Há cantos que
temos de manter fechados, pelo menos enquanto não se alcança o cerne do
labirinto.
O tempo?
Dá-me unicamente um bocado de papel. E uma
caneta.
Ana Luísa Monteiro
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