31 janeiro 2012

o tudo e o mesmo

As orlas lúbricas já não se fazem lógicas. O tudo e o mesmo acabam por ter contornos desiguais, eles próprios, sendo forçada a concordar que tudo é uma questão de perspectiva.

Escrever esconjura determinados conteúdos, sem, no entanto, levar à noção perene seja do que for. O que se procure. Encontra-se sem achar. É um caminho sem meta imperiosa. Tudo se torna possível. A mais pequena história pode constituir-se a maior epopeia. A razão impassível que lhe dou, é ter por dentro, quem pode fazê-lo, todos os adeus calados, aqueles que nunca são. Anuncia-se a imortalidade de uma pena que continua mais do que um braço.

O tempo é apenas um constructo que tiraniza os trechos, difíceis. Os mesmos que escondem a delicadeza de um gemer da grega psyché, que atento conhecer. Espreita-se os minutos que dou e que retenho, exigindo que esses se façam tempo. Fechar os olhos para não ver nunca me soou a partida. E o para sempre é um lugar onde a encenação é restringida à porção de luminosidade que lá se põe. Ou tira.


Ana



30 janeiro 2012

autorização

AVISO

Neste blogue, estão autorizados os seguintes:


algures num blogue (!?) 

 

Pede-se, desde já, desculpa aos que não foram citados, mas de momento não será possível satisfazer todos os meus desejos. 

...
Andam perdidos. No tempo.

pandora


Se Pandora fosse
A caixa curva no seu âmago
Essa seria a distinguida
Para jamais se desatar
Da armadilha pejada de rubis

Não me sei a filha dos deuses
Defeituosos e quiméricos
Não me sei a caixa
Raiz putrefacta da origem
Todos os pavores

Na esperança tomba
A arbitrariedade antecipada
De deslaçar uma ingratidão
Que arfa por de trás
De uma garganta sigilada

Pandora e a caixa
Os dons e os defeitos
Os temores da esperança
Tudo que se presenteia
Aos mudos que não vêem



Ana Luísa Monteiro

29 janeiro 2012

O Verme


A rapidez não é circunstância definida
Por quem vai no leme
De queixo erguido
Pois neste recaem ventos indelicados
Com trejeitos de quem olha mas não vê
Dando mais torção para o lado
Aquele que mais convier
À imortalidade da ironia

Se roubar é pecado capital
Rastejar parece ser ridículo
Rouba-se mais num rastejo
Imoral e doentio
Conspurcado d’alma mesmo ao fundo
Pois não se deu importância
A quem se deita aos pés
Já sem olhos

De um corpo magro
Espraiado
Sem indefinição de ossos
Que esconde um ataque violento
Desamparando os contornos
Que abalroou
Arrastando-os no solo
Que nunca mais findou.

Aí, habita a mancha.


Ana Luísa Monteiro

26 janeiro 2012

sem ponteiro

O tempo é uma superfície oblíqua e ondulante que só a memória é capaz de fazer mover e aproximar.
- José Saramago



 Não havia ainda feito alguma menção a Saramago. 

Ok. Dele estará tudo dito. Basta ler e ouvir. Recomendo, logicamente, José e Pilar para quem nunca viu e para quem não viu o suficiente.

Quanto a mim, estou sem tempo. E definitivamente zangada por essa falta, que preenche a minha forma a "estado de coisa desencaixada".

Ana




23 janeiro 2012

maze


Obstables
 When you get in your own way because you've become overly comfortable the way you are. 
Urban Dictionary





Havia aquele que tinha razão e eu não quis crer. Asserções tão francas, com justificações feitas à medida da realidade. Hoje não nos conhecemos, prova de que anos podem ser centúria de deslembrança, desde que dentro se desatraquem os espinhos.

Trouxas de objectos bonitos e simétricos que parecem que encaixam e de repente nada disto é um puzzle.

É um labirinto.








22 janeiro 2012

a estética para além dela mesma


O que são linhas para além de linhas?

Pousem-se esboços perfeitos, riscados com inerrância e que seguem a receita infalível. Há muito a perceber. Vive, em cada quadrado, uma imagem que extrapola a invenção do concreto.

Conhecer estas linhas das cores simples, resolvidas de azul que se amalgamam de um ruborizado fio, é prender nos olhos a latência do movimento que paira em algum lugar. Aposto que esse será à escolha do freguês, que não fica indiferente e estupefacto ao entender a levitação das linhas – azul-cobalto / vermelho cádmio / azul-cobalto / vermelho cádmio / azul-cobalto / vermelho cádmio/ (…). O Pintor não se incomodará.

Ontem na Extéril, ali ao Bonjardim Norte, encontrei-me com o Artista, que falava com pessoas que o haviam ido ver. A ele e às suas linhas “X 30”. Tudo me pareceu cuidado para abrigar cada composição no esconso ideal, perpetuando a dança imparável dos espaços que os traçados das cores assentam.

Claro que gostei. É sempre prazeroso olhar objectos bonitos. É sempre prazeroso saber, uma e outra vez, que as coisas simples são parte de um bilhete de viagem. E neste caso, de rondas flutuantes de uma simplicidade aparente, escondida na projecção que as linhas coloridas impõe.

O Pintor é Leonel Cunha. O mesmo que me surpreende cada vez que aparece com algo novo, perpetrado pelas suas mãos que continuam uma sensibilidade que só conheço nele.

E está aqui, por exemplo. http://www.leonelcunha.net/.

E a exposição, onde se podem ver as peças, mantém-se até 10 de Março aqui https://www.facebook.com/Exteril.

texto da fotografia: Leonel Cunha

Lu
(por que para o Pintor eu sou apenas Lu)

21 janeiro 2012

impedindo-me de falar de imoralidade

Precisava de um esfoliante à alma. Limar imperfeições trazidas debaixo da derme, que corrompiam a delineação do seu traço. Esse com que se passeava por entre esquinas e curvas, confundindo as ancas e os braços com a geometria própria da cidade. Passos espaçados por sanhas idealistas, mas com propósitos mortos. Não os aniquilou. Na vida não dá para cortar aos pedaços as luzes imperativas dos olhares furtivos, sejam por inocência, sejam por molícia.

Parece que os motivos deixaram de interessar. Fazia apenas o que tinha a ser feito. Com rasgos imensos pousados, repetidamente, nas suas mãos frias, os mesmos da compulsão insalubre, provava que decepar, arrancando culpas e lugares, se assenta inexequível. Aos olhos dos outros, pelo menos. Certezas, já não as há. Só a exactidão de que os pontos cardeais não escondem o alanco conspurcado de bafejamento imoral. Mas não se pode escrever a imoralidade. Não aquela, que jaz repleta de má educação e sem espelho. O mesmo que caiu e partiu. Ou, talvez, jamais existiu.

(…)

Desiste-se de contos. Sonha-se coisas simples e pequenas, embrulhadas em móbiles do facilitismo atípico da sua sede equidistante, de todos os traços de bloqueio. Mas sabem-se listas a mais. Retalha-se para o escuro. Apagar é impossível. Seja que linha for.

Ana


é a vida!

19 janeiro 2012

parlenda do tempo

"O tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem. O tempo respondeu ao tempo que não tem tempo de dizer ao tempo que o tempo do tempo é o tempo que o tempo tem."






Continua a certeza de que as perguntas "infantis" são as que se desagregam, de rosto inocente, da impossibilidade de serem atendidas na sua grandeza.

Já o tempo oscila nas mãos de quem o segura. E desmaia naquelas que o largaram. 

Ana

17 janeiro 2012

diga 33




como se quebra ciclos de medo ininterrupto?

como se percebe se é para ser ou Ser?

como fazer cair o pano sem dano?

diga 33...

ironias doces

há coisas que nem de propósito. a vida é demasiadamente engraçada e tudo conflui para nos dar os maiores presentes do Mundo - o carinho e admiração de quem nos quer bem, não esquecendo as mãos abertas de há anos e anos, que distâncias não apagam.

hoje é um dia FELIZ :)


16 janeiro 2012

a continuar


A Paz vem de dentro. Não é passível de se encontrar em mais lado nenhum. 

A crueldade ruge, tornando-se grotesca. Detesto isso.

Desaprovo criaturas sem idoneidade afectiva de atingir o que é gostar de outro ser humano. Gosto genuinamente das pessoas. Não gosto de gente. Esta mesma ideia já trazida pelo outro, que também escreve, sem dó nem piedade.

Pensei acabar com isto. Mas não o vou fazer. Há coisas que vem do chão, análogas a vir do Inferno. E lá devem continuar.

A Paz vem de dentro e o que escrevo também. Como d’alma me saltam as palavras. Interessa-me apenas quem me lê e tem carácter. Pois quem não tem, não me compreende. Nem lida, nem escrita, nem ouvida, nem em coisa nenhuma. Tenho pena e terei plumas que caso isto tudo continue a causticar figuras que transportam restos humanos.

As ofídias vêm rasteiro. Eu descendo do Amor e assim perseverarei. Esse que é muito elevado, roçando mais do que o Céu. Por mais que me conceituem a bruxa má do faroeste, quem me sabe… tem-me! Tal qual eu sou.

Quanto às obsessões, e visto não ter nenhuma, somo que quem as tem deve tratá-las num consultório de um Psi capaz. Com ou sem medicação. Mas por sistema, comprimidos ajudam.

Boa semana.

Ana Luísa Monteiro
Psicóloga/Escritora /Pessoa
e mais uma data de coisas
e que se resumem num
...
i rise above!

13 janeiro 2012

cores

http://www.viceland.com/blogs/pt/2011/10/18/bebidas-alcoolicas-vistas-ao-microscopio/
A foto é Martini visto ao microscópio. A ideia vem de uns cientistas que se apegaram à ideia que é possível e válido tornar a ciência em arte.

Não acredito em coincidências, mas há aqueles que insistem em falar delas. Podia citar Freud. Assim já dá ar de ciência, até por que ele era Médico Neurologista. No entanto, já mais que citado está.


Acredito no anonimato. por ser uma realidade:

In scientia veritas, in arte honestas.
- Anónimo
 Relações caricatas e inseparáveis. E só por isso, embora faça mal às entranhas e consequentemente à saúde, hoje quero uma explosão de cores dentro de mim.

Ana

12 janeiro 2012

recém chegada à casa nova trazida por mãos que cresceram

preciosidade pessoal e auxílio da procura do... tempo.


Tenho um livro, pequeno, que se intitula de “A minha máquina de Escrever”. Tenho, finalmente, a minha máquina de escrever. Preciso de repor a fita e de limpar os prateados. Tenho a escrita na ponta dos dedos ou no vai e vem da minha mão direita. Redijo em qualquer lado e de qualquer forma, com ou menos tempo. As dimensões são resultado da deliberação e o ímpeto basilar faz de vento nas velas dilectas que escolho elevar. Ou as que deixo repousar-me ao nível dos joelhos. Uma delas é claramente o Novo Acordo Ortográfico. Refiro-me a ele com letras maiúsculas no início de cada palavra, como diz no Office ™. Sinto-o tão distinto que tenho de o eleger como um notável incógnito famoso, ao qual querem que me renda sem, no entanto, me terem perguntado se eu queria. Rebeldias à parte, pois deixo esses apontamentos para outras andanças minhas. Acervo uma data de folhas escritas, ofertando-as livre e espontaneamente. Não deixam de ser minhas.

Às vezes, sei que me expulso do que é pretenso nesta história de ter um blogue. Mas eu sinto que não tenho um blogue. Escrevo num. Partilho ideias, minhas por certo, dando-as a ler, recebendo, por vezes, delação dos sentidos que apurei com as palavras. Jamais tenho recatos disfarçados. É o que sinto. É a expressão livre, mas que esconde a minha antiga máquina de escrever, herdada do meu pai, que a herdou de não sei quem. Não foi do meu avô, por que ele escreve à mão e ainda tem a mesma letra de sempre. Nesse jogo de quem encobre a máquina envelhecida, meia emperrada, defino e declaro que diário de bordo ou confessionários condescendentes não são realidades que use. Distribuo as minhas letras, sentido que se procuram conclusões. Essas. As que serão sempre e infinitamente diferentes. Por mais que o tempo passe, escorrendo dos meus dedos às teclas que calco constantemente.

Só há uma razão. Bem vistas as coisas. E a minha leva sempre o mesmo veio gravado.

Ana

and so it goes...

.....................................................................!

11 janeiro 2012

bad vibes


Penso ter desenvolvido um estranho aturdimento por costas. Nuas de preferência. Talvez se deva ao facto de puder ver a estrutura. Ossos e músculos subtis, que os fazem mexer. O movimento é encantador, principalmente quando se tem as costas presas.

Estou curta de palavras. Por esfalfamento consumado alojado até no meu sofá. As opiniões de hoje são: não, nem, nunca, impossível, não sei, mas. Há quem não reconheça a sua estupidez egóica, visível do espaço sideral. Isso abafa-me. Sempre foi assim. E o tempo de abafamento é tamanho, que acaba por contaminar as outras horas. As livres – de sossego, de partilha, de escrita, de sonho, de cantorias desafinadas, etc. (espero que seja a única vez que uso esta expressão aqui)

Derrotada ou não, o meu desencaixe da imbecilidade onde me cravaram, torna-se evidente. Tenho de o assumir. Só não sei porque não mudo de vida. É que ontem e hoje já deram para concluir 6 anos de desperdício da minha aptidão, erudição e treino. Peixe fora de água que nem para grelhar dá, quanto mais para Sushi.

Lembrete à menina que anda à procura do... tempo!

música anónima


Um piano misterioso ao telemóvel sem contar aperfeiçoa os dias. E as noites.

Mesmo que mal se ouça pois raros segundos não chegam para se apreender gesto tão terno. Mas faz sonhar, o que amorna a alma. E sonhar é passear estrados de inquietação apetecível.

Mesmo sem saber que mãos o cumpriram. Um piano recorda-me umas mãos particulares e singulares, no entanto, sem que precise de memorandos que mas tragam de volta. Ainda as sinto.

Mesmo sem nome ou letra. E tudo o que isso significa para mim.



 
Obrigada.

10 janeiro 2012

bad day hair

Ok. Tenho 15 minutos. Estou a ter um dia daqueles – bad day hair. Por motivo nenhum em especial do dia 10 de Janeiro de 2012. Só por coisas que sorvo de ontem ou de há quase 30 anos atrás. Isto é pavoroso. Dizer há quase 30 anos. Faz-me sentir crescida e hoje, só por hoje, não me apetece. O momento mais mágico foi estar a almoçar, sozinha, presa ainda às palavras ditas e escutadas no divã, observando oportunamente as outras pessoas. Foi espaventoso, enquanto repousava nas cadeiras de estofo vermelhas, sentir o quão apaziguante é um café antigo, no coração da Invicta, a largar razões. As minhas. Não fiquei zangada com absolutamente nada. Fiquei repleta de abastança. A epifania deve estar perto, perscrutando a cada aresta gelada. Sinto um epílogo remordido na cabeça. Na fronte.
São lados a mais para uma pessoa só.

09 janeiro 2012

livros, músicas e arrepios



"A poem is an organ of the mouth,
a verse I suck and blow.
It sings from my heart on the wind,
it breathes with my life.

I place my poetry between my lips,
like licking my girlfriend’s breasts.
I smoke it like a cigar
and squeeze the good juice from it.

My poetry is a fire,
it screams blues murders.
I craft it with my gentle fingers
and shout it around the world.

This poem is a drink wet with rhyme,
a harp in a rowdy beer museum.
I am a drunk whose rhymes stagger,
my words are music in your ear."

Keith Armstrong


Posso por magnetes por trás das folhas e comprar aguarelas. Só faltará a harmónica e quem a sabe tocar. Arrepia-me as costas.

A boa noticia é que ainda não li este livro. 


sencilla


Simplicidade: 
é ter à mistura na pele o cheiro, o toque, a memória e a certeza.

08 janeiro 2012

ela dizia


Ela dizia-me baixinho que tinha saudades dele. Ela dizia-me, de olhos desolados, que precisava, todos os dias, de exalar reentrâncias para pensar. Só sabia que queria, mais do que tudo, cauterizar o coração dilacerado. Ou ambos. Corações. O imago recluso da boca incapaz de articular um olá descuidado, não permitia que ela pudesse agarrar-lhe pela mão e desfalecer-se em verdade do que mudou a direcção. Ela dizia-me que lhe tinha custado não o prender nos olhos, repetindo o que carece repetir, serenamente. Ela dizia-me e eu ouvia, arrendando a sua dor como se fosse minha. Aí eu afirmava-lhe, segurando a sua mão magra, que eles estavam presos por coisas que não se vêem. Sentem-se.

Ela voltava a dizer que só precisava de uma brecha. Pequena que fosse. Que depois disso sabia bem o que fazer para limar as arestas magoadas. Ela dizia que não queria ser como dantes. Só por lhe custar os portes. Ela achava que ele não sabia que foi por isso que dele abdicou, vezes sem conta. Mas ela abdicava sem quer perder tudo. Ela afirmava-me que não era preciso tudo. Podia ficar alguma coisa, por mais que tal coisa indefinida e aguada não substituísse o desejo. Aí eu repetia o que eu vejo. E tinha de lhe dizer que é muito custoso por haver rastos e rasgos visíveis daquilo que havia dito que não se vê.

Ela retorquia, sempre, que tinha saudades dele e que precisava de uma fenda minúscula para voltar a abraçá-lo em paz, à noite, com ou sem ele. E eu aí já não lhe disse mais nada.

Ana

07 janeiro 2012

rasgos




Atingiu-lhe as costas, de mão aberta. O braço dele rasurou-lhe o cabelo. Resguardou-lhe o aroma, deixando de percepcionar o seu, impetuoso e voraz. Nele, sente a falta da sua gargalhada ampla e do sorriso rasgado.



Sometimes it’s ok
To just be
Don’t worry if you are
You are free
We are not talk
We are not words
It’s not necessary to speak
To be heard

And when the world seems too much
Remember that two souls can touch.

Sometimes it’s ok
To not think
Though it seems like a world of not love,
But things
There is peace in the shadows
Hope in the cracks
There is comfort in a gentle hand
On your back

And when the world seems too much
Remember that two souls can touch.

06 janeiro 2012

let's have a stroke together


"A nossa pálida razão esconde-nos o infinito."
Rimbaud

romã




Pode até já ter passado o tempo, mas gosto de comer as grãs das romãs, uma por uma, pausadamente, numa deleitação escorrida na boca, daquele suco acerbo e ameigado, abstruso num quebradiço embrulho. É a sensação de ribombar com os dentes molares, provocando sons minúsculos, que vêm de dentro, que deixa então saborear a singularidade arábia, viajando para longe das inibições que não querem tirar a burca. Os sabores importam tanto, que servem de acepipe da terra prometida. A que se sonhou. Que deus prenunciou. E que a deusa permitiu. A do amor.




Volto a colar realidades na minha lista. 

Ana



05 janeiro 2012

gosto de ter amigos que escrevem e em estrangeiro

outer space: And I wonder: Children of the wonder, unite! Bodies of promissing pictures, of battlefilds in love with dead fingers...make me proud! Had you known the ve...

mais a somar

Vou buscar a minha máquina de escrever e começar a escrever à moda antiga. 

Como se fosse a preto e branco.

Acarinhando o Casablanca.

Vou criar personagens que fazem lembrar o Rick e a Ilsa

Vou pousá-la na minha mesa, com cuidado.

E vou dar erros. 

Preciso de muitas folhas. 

Preciso de fita preta e vermelha, perfeitamente enroladas.

E vou sujar os dedos.

Vou ouvir a As time goes by. (e mais umas quantas, no meio das quais estará, sem contar, ao de repente, a música)

E depois, vou empilhar e deixar cair as folhas.

 É que a vida precisa sempre de uma dose q.b. de loucura.

De caos. 

Se calhar, e para não ser lamechas demais, uns quantos tiros e correrias também vão ficar bem.


Só me apetece sair daqui e já!

"We just wanted to say we're a big fan of your work. When it comes to killing Nazis... "
- Lt. Aldo Rein, em Inglorious Bastards. Mais Tarantino.



Ana

  

04 janeiro 2012

braços e abraços

... e deviam ser usados sempre que se sente um impulso que vem do mais primário e imprescindível músculo que temos. Em ápices que são especiais com pessoas que nos fazem cócegas na ponta dos dedos, em dias de festejar a primeira vez que se respirou sozinho, a vida inteira por fascinação. A mesma que vem de dentro. Jamais de fora.






4.1.2012
Ana, a pensar nos braços e abraços  

03 janeiro 2012

pensamento automático




Acordei com este filme na cabeça e com um peso nos olhos. Tornei a esquecer-me dos óculos. Portanto, tudo faz sentido.
olhos
dor 
fight club
ambos os lados
coisas velhas
tempo
e
"Things you own end up owning you."
...

02 janeiro 2012

psicanalistas 2 (go!)

"Arrependimento Imoral  

O homem a quem o arrependimento, após o pecado, impõe grandes exigências morais, expõe-se à acusação de ter tornado a sua tarefa demasiado fácil. Não praticou o que é essencial na moral, a renúncia; com efeito, o comportamento
moral ao longo da vida é exigido em função dos interesses práticos da humanidade. O homem citado recorda-nos os bárbaros das grandes ondas migradoras, que matavam e depois faziam penitência, e para os quais fazer penitência acabou por se tornar uma técnica facilitadora do assassínio."

Sigmund Freud, in 'As Palavras de Freud
 
Será então um falso arrependimento, que apenas se escraviza sob o peso carregado do Super-ego, rejeitando um Id que existe e respira, movimento que apenas consegue esbofetear o Ego todos os santos dias. Assim se edifica o caminho do se fizermos de conta teremos a absolvição eterna. É praticamente como nunca ter pecado/errado/falhado. Mas por dentro, cedeu-se à vontade impulsionadora e criativa. 
 
É a história do leite derramado. Já está. Não valerá de nada, nem trará de volta. Se é que me faço entender.
 
 
Ana - Dia de deitar e rolar. 

01 janeiro 2012

deixar debaixo da cama


Antes que acabe a bateria do 1 do 1 de 2012, venho só dizer que foi um dia deliciosamente silencioso. Só dei conta dos meus pensamentos e do sonho – a meio da tarde, habitando um dia inteiro onde deveria estar.

É caricato como vivemos os sonhos. Dou-me conta que maior parte das pessoas ficam perenemente temerosas daquilo que guardam debaixo da cama, ao invés de os acariciar por debaixo dos lençóis. Como devia ser. Digo-o propositadamente. E afirmo com desígnio bruto e categórico.

Amanhã o silêncio finda. Será dia de deitar e rolar. Para fora e para dentro. Amanhã haverá tempo para pausar a busca incessante do tempo, construindo-o na mesma, afincando trejeitos de quem conduz o leme. Só não sei onde. Se ao menos me devolvessem a bússola.

(...)