O que são linhas para além de linhas?
Pousem-se esboços perfeitos, riscados com inerrância
e que seguem a receita infalível. Há muito a perceber. Vive, em cada quadrado,
uma imagem que extrapola a invenção do concreto.
Conhecer estas linhas das cores simples, resolvidas de
azul que se amalgamam de um ruborizado fio, é prender nos olhos a latência do
movimento que paira em algum lugar. Aposto que esse será à escolha do freguês,
que não fica indiferente e estupefacto ao entender a levitação das linhas – azul-cobalto
/ vermelho cádmio / azul-cobalto / vermelho cádmio / azul-cobalto / vermelho cádmio/
(…). O Pintor não se incomodará.
Ontem na Extéril, ali ao Bonjardim Norte,
encontrei-me com o Artista, que falava com pessoas que o haviam ido ver. A ele
e às suas linhas “X 30”. Tudo me pareceu cuidado para abrigar cada composição
no esconso ideal, perpetuando a dança imparável dos espaços que os traçados das
cores assentam.
Claro que gostei. É sempre prazeroso olhar objectos
bonitos. É sempre prazeroso saber, uma e outra vez, que as coisas simples são
parte de um bilhete de viagem. E neste caso, de rondas flutuantes de uma
simplicidade aparente, escondida na projecção que as linhas coloridas impõe.
O Pintor é Leonel Cunha. O mesmo que me surpreende
cada vez que aparece com algo novo, perpetrado pelas suas mãos que continuam uma
sensibilidade que só conheço nele.
E está aqui, por exemplo. http://www.leonelcunha.net/.
E a exposição, onde se podem ver as peças, mantém-se até 10 de Março aqui https://www.facebook.com/Exteril.
texto da fotografia: Leonel Cunha |
Lu
(por que para o Pintor eu sou apenas Lu)
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