Precisava de um esfoliante à alma. Limar imperfeições
trazidas debaixo da derme, que corrompiam a delineação do seu traço. Esse com
que se passeava por entre esquinas e curvas, confundindo as ancas e os braços
com a geometria própria da cidade. Passos espaçados por sanhas idealistas, mas
com propósitos mortos. Não os aniquilou. Na vida não dá para cortar aos pedaços
as luzes imperativas dos olhares furtivos, sejam por inocência, sejam por molícia.
Parece que os motivos deixaram de interessar. Fazia apenas
o que tinha a ser feito. Com rasgos imensos pousados, repetidamente, nas suas mãos
frias, os mesmos da compulsão insalubre, provava que decepar, arrancando culpas
e lugares, se assenta inexequível. Aos olhos dos outros, pelo menos. Certezas, já
não as há. Só a exactidão de que os pontos cardeais não escondem o alanco conspurcado
de bafejamento imoral. Mas não se pode escrever a imoralidade. Não aquela, que
jaz repleta de má educação e sem espelho. O mesmo que caiu e partiu. Ou,
talvez, jamais existiu.
(…)
Desiste-se de contos. Sonha-se coisas simples e
pequenas, embrulhadas em móbiles do facilitismo atípico da sua sede
equidistante, de todos os traços de bloqueio. Mas sabem-se listas a mais. Retalha-se
para o escuro. Apagar é impossível. Seja que linha for.
Ana
é a vida!
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