preciosidade pessoal e auxílio da procura do... tempo. |
Tenho um livro,
pequeno, que se intitula de “A minha máquina de Escrever”. Tenho, finalmente, a
minha máquina de escrever. Preciso de repor a fita e de limpar os prateados. Tenho
a escrita na ponta dos dedos ou no vai e
vem da minha mão direita. Redijo em qualquer lado e de qualquer forma, com
ou menos tempo. As dimensões são resultado da deliberação e o ímpeto basilar
faz de vento nas velas dilectas que escolho elevar. Ou as que deixo repousar-me
ao nível dos joelhos. Uma delas é claramente o Novo Acordo Ortográfico. Refiro-me
a ele com letras maiúsculas no início de cada palavra, como diz no Office ™. Sinto-o
tão distinto que tenho de o eleger como um notável incógnito famoso, ao qual
querem que me renda sem, no entanto, me terem perguntado se eu queria. Rebeldias
à parte, pois deixo esses apontamentos para outras andanças minhas. Acervo uma data
de folhas escritas, ofertando-as livre e espontaneamente. Não deixam de ser
minhas.
Às vezes, sei
que me expulso do que é pretenso nesta história de ter um blogue. Mas eu sinto
que não tenho um blogue. Escrevo num.
Partilho ideias, minhas por certo, dando-as a ler, recebendo, por vezes, delação
dos sentidos que apurei com as palavras. Jamais tenho recatos disfarçados. É o
que sinto. É a expressão livre, mas que esconde a minha antiga máquina de
escrever, herdada do meu pai, que a herdou de não sei quem. Não foi do meu avô,
por que ele escreve à mão e ainda tem a mesma letra de sempre. Nesse jogo de
quem encobre a máquina envelhecida, meia emperrada, defino e declaro que diário
de bordo ou confessionários condescendentes não são realidades que use. Distribuo
as minhas letras, sentido que se procuram conclusões. Essas. As que serão sempre
e infinitamente diferentes. Por mais que o tempo passe, escorrendo dos meus
dedos às teclas que calco constantemente.
Só há uma razão.
Bem vistas as coisas. E a minha leva sempre o mesmo veio gravado.
Ana
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