... o resto num curto espaço, roído da memória.
Moratórias de tempo de dias cheios de coisa nenhuma. Que seja realmente minha.
Valha-me as horas que passo a ouvir pessoas. Não gente. Pessoas!
29 fevereiro 2012
retalhos II
Escritos a tiro, plágios intrapessoais da vida real de alguém que gosta de Molesquines electrónicos.
Tantas historias e afins ao dia, que esvaem noites de profundo lirismo atacado de dores nas mãos.
O que pesa, martiriza a pele.
Tantas historias e afins ao dia, que esvaem noites de profundo lirismo atacado de dores nas mãos.
O que pesa, martiriza a pele.
27 fevereiro 2012
sonhos
25 fevereiro 2012
infinitos
Foi quando compreendi
Que nada me dariam do infinito que pedi,
- Que ergui mais alto o meu grito
E pedi mais infinito!
José Régio
moi même |
Esta semana (re) descobri que resignação em francês
se diz démission. E foi, sem mais nem porquê, a meio de um dos meus
eloquentes discursos sobre a humanidade e a necessidade de reconhecermos a
nossa própria estupidez. Curiosamente, enquanto procuro tornar a minha tolice,
coisa humana e, no meu particular caso, efeminada, surge-me a ideia que esse exercício
de loucura é nomeado dessa forma. Por quem não consegue. Ou não pode.
Hoje procurei saber que em espanhol demissão se diz despido. Largar os trajes, ficando nu, desamparar
o ofício de alguém que estava inteirado de uma missão. Mas esses trapos em que
esses entes se envolvem não passam de escudos da moralidade, enganos da pulcritude,
enjoos das intempéries. Falo da lide de demitir a pele, a inerente pele, que
cheira, que tem cor e temperatura.
Como é possível
viver de cordas apertadas às roupas que caem todos os dias no chão?
Ana
24 fevereiro 2012
aflição demissionária
fonte óbvia! |
Posso eclodir de emoção
Comoção
Estupidez contrafeita
De resistência nula
Que se afigura tudo
Posso conter a rapidez
Brevidade
Entontecimento madrugador
Que se estende comigo
Na cama acidentada
Entretenimentos incandescentes
De quem não se espezinha
Por aflição demitente
De consentir
Uma estadia algemada
É que há palavras
Que esculpem lados
Do flanco mais indecente
E mais credível
Que continua no centro-esquerdo
Sem vergonha
Que atira para fora
Da cama
A mesma
Aquela
A dos sonhos.
Ana
23 fevereiro 2012
20 fevereiro 2012
pausas necessárias
Para a "escritora" deste espaço fechado com trancas de luminosidade do vosso écran, está a ser complicado segurar a cabeça de pé.
No entanto, nas brechas de solidez da recta traçada pelo fio-de-prumo, agarro um livro.
Eduardo Sá. Psicólogo. Psicanalista. Voz meiga. Verdades pungentes!
Gosto de quem elejo ler. Ou será ao contrário?
No entanto, nas brechas de solidez da recta traçada pelo fio-de-prumo, agarro um livro.
Eduardo Sá. Psicólogo. Psicanalista. Voz meiga. Verdades pungentes!
Gosto de quem elejo ler. Ou será ao contrário?
14 fevereiro 2012
13 fevereiro 2012
gosto de conversas
Grande notícia!
Um dos escritores que mais li, desde cedo. Faz parte das prateleiras, das estantes, do chão, da cama, da areia das praias... e tantos outros atropelos.
Gosto desta conversa a existir. Depois conto tudo.
12 fevereiro 2012
faces do tempo
in lamaisondannag.blogspot.com |
aqui está uma faceta do tempo, com a qual concordo.
não há tempo no coração dos amantes.
não resta tempo nos seus olhos. os mesmos onde Deus existe, de facto. e só nesse mesmo lugar.
o tempo só faz sentido no ser quando, por mais tempo que passe, a permanência insiste, apesar de tudo.
de tudo mesmo.
quinze páginas
imgfave.com |
Dizem que quem conta um conto acrescenta um ponto. Mas,
e então, quem conta um conto pela primeira vez? Sem supedâneo concreto que o
sustente ou guie. Preciso de 10-15 páginas, com espaços convenientes. Lá vem o
resto fazer de conta que não haverá tempo. Ou será apenas medo? A vida que se
altera a cada momento, sem darmos conta, nos ponteiros de um relógio de parede,
que não se põe à vista, tem destes laivos de cambalear entre o caminho definido
e aquilo que é, simplesmente.
Saramago, que escrevia genialmente, edificava duas páginas
por dia, por sistema. Parece ser pouco. Errado pensar que é pouco. É tanto, mas
tanto. Entre aquilo que queremos dizer e o que dizemos, esvaindo-se numa folha
a quantidade de palavras, somadas, umas às outras, martelando sentidos, aptidões
súbitas, bolas de ideias reflectidas num espaço qualquer, as tais duas páginas
asseveram-se um livro inteiro.
Levar a cabo algo que se quer, mas sem cinto de
segurança, dá a sensação que o estômago se apinha de indecisões. Validade não questionável.
Até por que observo que mesmo as árvores e o vento, as correntes do rio (logo
pela manhã), as ondas do mar invernoso e encoberto de melancolia, hesitam nos
seus bailados. E a natureza é isto. Talvez esse aperto no estômago sirva para
lembrar a humanidade que nos acode aos olhos. A candura e o medo.
Ana Lu
09 fevereiro 2012
just do it!
dedicada:
- aqueles que gostam de brincar ao quem é quem telefónico, escondidos por detrás de números incógnitos, bloqueados, privados, e o c... a 7!
let the show begin
zazzle.com |
Há quem
tenha insight curto. Do tipo estar
fora do sítio, com os pés virados para a direcção mais estranha possível. Com
isso, é então factível ouvir que o maior problema de uma vida é a cor das
paredes da casa nova. É como se tudo se sintetizasse a uma negação concertada
daquilo que realmente importa para a vida.
A uns
tresmalha-se, por entre as palavras proferidas, a imensidão da estupidez que é
sentir a agressão das cores de umas paredes, que se podem avivar com escassos
euros.
A outros, compete-se
a pequenez de barreiras invisíveis, que dividem a sintaxe da agnição de frases
que, apesar de se terem cavado, enterram-se por meio da força motriz da pusilanimidade,
que esconjura a beleza do que quer que seja.
Problemas ou
não, remete-se à questão da perspectiva, tão deliciosamente assente em cima das
idiossincrasias de cada um. Desliga-se, assim, tão simplesmente e por detrás da
desculpa da diferença e da vontade acobardada, a invicta honestidade. Se isso
fica a descoberto, pode compor-se em listas as mais sinceras desculpas,
afirmando até a crise, o inconsciente, o mecanismo de defesa, a febre alta da imbecilidade.
Males da
cabeça, da malograda razão. Mas sempre de problemas à parte. Os problemas
extenuam as pessoas. Não são mais oportunidades e toda a gente gosta de ser
dono de uma caixa deles. Ou de um caixote.
Minha gente, os problemas são apenas
questões de resolução não imediata e/ou complexidade exacerbada, sendo que se me contrariarem… bem, o
problema, então são vocês, na verdade.
Os meus
problemas são desafios a tomar, tentando não perder a ponta. O desafio de
descobrir como ficar sem aquele preciso atropelo, a que se chamou problema. Já afirmei
ter medo. Faz parte. Temer é sinónimo de desassossego. Nesse vivo, sempre, d’alguma
coisa, não sabendo às vezes de quê, nem porquê. É um caos que liberta. Mas sem cair.
Tropeçar no alvoroço
de não saber, de não ver, de não puder tomar o repto e depois ser tarde de mais
– esse local onde já não é um problema. Ninguém o diz. Intitula-se pesar, luto,
estar vestido de preto, carpir pelo que partiu. Ou, na outra mão, saber da
funestação que se perpetrou. No passado ou no que virá; já que no presente
tempo que corre, não se afigura possível.
Aspectos do
tempo que amontoo.
A sala de
espera é um detalhe impertinente.
E hoje não
se rola. Desliza-se.
Já é o
começo!
Ana Luísa
08 fevereiro 2012
cansaço
Cansaço
"O que há em mim é sobretudo
cansaço —
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de
nada:
Cansaço assim mesmo, ele
mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações
inúteis,
As paixões violentas por
coisa nenhuma,
Os amores intensos por o
suposto em alguém,
Essas coisas todas —
Essas e o que falta nelas
eternamente —;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o
infinito,
Há sem dúvida quem deseje o
impossível,
Há sem dúvida quem não
queira nada —
Três tipos de idealistas, e
eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente
o finito,
Porque eu desejo
impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um
pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou
sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou
vivido,
Para eles a média entre tudo
e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um
profundo,
E, ah com que felicidade
infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimno, íssimo, íssimo,
Cansaço..."
Álvaro de Campos, in
"Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Tudo o que se sente no corpo já sem se saber que
feitio denotar n’alma. Antes de todos os eruditos da ciência do cérebro, lá
passou um poeta, é verdade. A ideia de Freud, esta como outras, balanceadas no
punho, nos olhos de quem lê. Mas não interessa por que via. Não interessa onde
se vai. Tenho medo e sem ter vergonha, eu tenho medo. Torna-se circularmente válido.
Daí que precise do poeta e do neurologista. Dos dois – que me suportam a existência.
Escrever cansa-me. Pensar cansa-me. Repousar cansa-me
e magoa-me os ossos. Tudo me cansa e eu não sei porquê.
Ana
Ana
06 fevereiro 2012
...
só hoje descobri o total sentido desta frase.
avizinham-se agulhas, não tenho a menor dúvida.
Thank you!
Etiquetas:
worried
Local:Porto
Torrinha - Porto
03 fevereiro 2012
mais de uma espera por dia, não sabe o mal que lhe fazia
...
A soma trás angústia. E a angústia remoí devagar. Embora pareça depressa. A velocidade é tempo e esse é tão complexo e relativo.
...
De repente, já nem é uma questão poética ou emocional.
Registam-se alterações endócrinas.
E isso sim. É uma merda!
02 fevereiro 2012
logros I
Como se troca com o vazio?
O medo exaure, alimentando buracos negros, de vazio. Mutuar lados apertados e inaceitáveis, abafa as estirpes graciosas, secando-as. Pode diagnosticar-se cisticercose difícil de travar, assintomática. A que se crava por debaixo de sistemas longos e curvos, que se vão metamorfoseando lentamente. Permite-se o logro pungente, afincando ventosas nas paredes do que se tem guardado nalgum lado.
Guardado nalgum lado…
Larguem-se os espelhos num rio ou num poço.
O medo exaure, alimentando buracos negros, de vazio. Mutuar lados apertados e inaceitáveis, abafa as estirpes graciosas, secando-as. Pode diagnosticar-se cisticercose difícil de travar, assintomática. A que se crava por debaixo de sistemas longos e curvos, que se vão metamorfoseando lentamente. Permite-se o logro pungente, afincando ventosas nas paredes do que se tem guardado nalgum lado.
Guardado nalgum lado…
Larguem-se os espelhos num rio ou num poço.
01 fevereiro 2012
chatices
é uma chatice.
é uma grande... chatice.
depois, já são duas chatices e por aí adiante.
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