A Laurinda Pinto.
02 novembro 2012
A ser velha
Eu hei-de ser velha e poder dizer tudo aquilo que se passou. Eu hei-de ser velha como um tronco alto e enrugado, que fica de pé, sozinho, parecendo inerte, mas que transporta a densidade de milhares anos. Hei-de ser velha e contar histórias e fazer doces de Natal para a descendência, que me acariciará as rugas das mãos, da face e o cabelo branco, sentido as palavras e os conselhos. E assim, eu hei-de ser velha, sem medo, com o frio entalado nos ossos e as costas dobradas. Talvez use um puxo no cabelo. Talvez o corte pequeno. Porque no fim não se deve sentir cansaço. Só uma paz obliteradora que faça sentir que valeu a pena. Aí reside a imortalidade pessoal e intransmissível de não ter estado jamais ausente.
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