28 março 2012

grow up oh Tempo

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estou em fase de construção literária ridiculamente aguda. 

evidente que me queixo de falta de tempo. são os queixumes habituais. mas muita calma nesta hora e antes que me apontem o dedo (o que detesto, ferro logo), os meus queixumes são a inquietação mais premente. quem me sabe, de saber (neste caso), conhece este estado de vida, esta forma de ser. e é isso, tão somente, que me permite ter e dar desassossego.

dispo lentamente, no tempo que passa, as incompatibilidade que entendo serem edificadas apenas por mim. é acto de rebeldia.

tenhamos coragem. 


“An artist is his own fault.”
- John O’Hara

27 março 2012

não me sai da cabeça

 
 
"A crítica deve ser parcial, política e apaixonada." 

- Baudelaire

mediamente abertos

Os sonhos são o enclave mais perto possível do epicentro.

As capitais caíram em desuso.

Raios partam o relegar dos sentidos floreados aos olhos, que pequenos ficam, ao som da pele da ninfa.

25 março 2012

quedas


Entre os devaneios da disparidade com que se galardoa
Desponta a cegueira da presunção adquirida
Por robustez da borrasca de estimação
Insuperável resguardo que fabrica
Sem as frinchas almejadas por desatar ou enclaustrar.

Assim não circula ar.


Climas de intimidade caucionados num pélago
Gravados em cima de laudas agastadas
De tanto esforço para calçar descensionalmente
Em que o enxergo invulgar fica cativo
Completando novelos afunilados dos contornos.

Assim cai-se entaipado.

Nesse instante da percepção envenenada
Transfigura-se uma peleja declarada
Mais embustes entrançados em espumas espessadas
De um abismo breu que não contempla
Mas que amarra.

Assim planeou.


Ana Luísa Monteiro

19 março 2012

troca

- É como dizias. Foi sempre por mim.

- Acho que te convenceram de tal forma que estavas estragada, que tu própria decidiste calar. - incólume e de olhos postos no chão, ignorando a importância que lhe atribuíam.

- Será que cumpri a meta?

- Assumiste isso através da forma desleixada como engoliste o teu discurso. Baixo, sereno e cheio de erros de sintaxe.

Sorrisos de recheio da vergonha. Os lábios articulares deixam sumir a expressividade de outrora. Debatem-se as duas com a força que os sons da voz humana pode ter.

Ironias.

18 março 2012

ainda


Não sei a quem se outorga o embuste do “querer é poder”. Até pode acontecer, de quando a quando, nomeadamente quando se sepulta meneios da destreza do gesto. Ou da própria escolha. Utilizar do livre arbítrio é mais relativo do que a relatividade ela mesma. Pelo menos, assim o tenho experienciado.

Pessoa, tornou-se uma entidade literária, que carrega a responsabilidade de um País. Tenho dúvidas que o leiam assim tanto. Pois mais que entidade literária, Pessoa era homem que chegasse para falar daquilo que as outras pessoas teimam em não querer. Como ele dizia e imortalizou “não querer é poder”. Pondo neste lado, sento-me num ramo de uma árvore, tentando a levitação, e concluo que me cabe mais esta forma do que a rudimentar elegida. Quem não quiser, permanece naquilo que escolhe não querer. Por tal, detém-se livre debaixo do fogo cruzado do engano mais aprazível que se pode conceber – o embuste oportuno.

É cómodo, então. É uma divisão da casa. A minha porém, a subjectiva casa, construída em cima da linha de mar, ainda não tem janelas, nem portas. Surge um cenário que me atira para o querer sair e não poder. Edifica paredes com super-cola 3, que me prendem. Pois bem que aparece deitado na minha cama, ainda quente que “querer não é poder”. Querer, desejar, ambicionar, apetecer, sinónimos que se repetem por indigência, pode ser um lugar tão arredado de um quarto, mesmo que esse tenha uma enorme varanda. Está-se mesmo a ver a montanha verdejante, o mar sereno com o iate preparado, a campina de touros bravos, a cidade eloquente das mulheres de saltos altos. É que está mesmo ali à frente.

Abrem-se as portadas e mira-se, contemplando aquilo que se admite aos sonhos e jamais ao anseio terreno. Escolho, pelos vistos, até por que me mantenho de pés atolados no chão, não abrir as persianas. Sim, não entrará grande luz. Mas também não me controverto com sonhos da treta, escumando pelo ideal que escraviza.

A fórmula corrente, nos dias que passam, é de trancar tudo. Menos por de dentro. Assim, querer não é poder. Tanto me esperneio que hei-de virar tudo do avesso. Poder é querer. Mas só quando me “poder” toda. Por inteiro.

Se está certo? Pouco ou nada me interessa.

Se está errado? Nem tal ideia me passa pela cabeça.

Pois é por inteiro que paredes me agarram. Ainda.

Lu

13 março 2012

libertem-se os índios





















homenageio, desta breve forma, os índios, com armas de fogo, que se mostram capazes de estar em todo o lado, fazendo juz ao anonimato que assassina as distâncias intercontinentais e riscando a giz que todos piratas devem ser asnos. o problema é que na cidade de Cheyenne não há mar. só planícies grandiosas. e os piratas andam pelo mar, em grandes navios e barcarolas armados até às velas pretas. nem a mais pequena , a da caveira, escapa. os piratas são mais tramados do que os índios. mas muito muito mais. no entanto, um bem-haja aos índios, que no meio da sua inocência pensam que conhecem os piratas por ter ouvido falar neles.

Lu

os dois

temas imortais

que queres?

trago-o carregado nas costas

10 março 2012

mas afinal?!


Já nem sei do que abdico. Se de mim ou se de ti. E quando escrevo para ti, há uma data de olhos que lêem que escrevo para ti. Ou para eles. Não é possível perceber, adequadamente, para quem afinal ela ou eu escrevemos. Se me escrevo tal qual sou ou se ela, enfim, não sou eu própria.

Isto tudo de ser eu própria é uma falácia imensa que discorre em linhas perfeitamente direitas e alinhadas. Umas seguidas das outras, como se tudo fizesse sentido. Uma lógica. A busca incessante de coerência nos objectos, sejam esses de que feitio for, desarranja a decência de se ser humano.

Precisa-se de fios que conduzam, parecidos com aquele fio do mito do Labirinto de Creta. Esse maravilhoso fio, que permitiu encontrar a saída do dantesco labirinto (assim se mistura termos de mitos e lendas, historietas contadas por gente de locais longínquos). Afinal o herói da história, que até ia casar com a sua amada, foi morto pelos seus amigos. E pior – pelo seu próprio pai. Lá se foi o fio, o bafo, o triunfo. Terá ficado o Amor?

Assim, pensem-se os fios condutores e de prumo. As linhas lógicas da mais clara coerência. A jogatina do tempo, que se enrola em procuras do outro. Não estaremos todos meios perdidos, agarrados aos fios, à procura é de nós próprios? E essa última expressão, assertivamente lançada, em cima uns dos outros, não será a maior preciosidade que nos faltará descobrir?

Ontem sentei-me no chão com ela. Olhei-a nos olhos, os que são grandes e eu sinto o que cabe neles. Ela faz-me pensar mais para dentro. Por isso gosto de me sentar no chão com ela. À noite e de cabelo apanhado. Poucas palavras bastam. Estamos completamente nuas em frente uma da outra. Existe esse carinho, acompanhado de cigarros, que se fumam com vontade, com certeza. E assim partilhamos os mesmos receios. De que se abdicamos diariamente, sem pôr em questão, afinal de contas?

Ambas concordamos que não pudemos viver de outra forma. Eu comunico-lhe que tentei ser diferente. Ela escuta-me. E admito que falhei, enumerando angústias prepotentes que transportei. E ela ri-se. E eu também. O certo e o errado são o mesmo lado, da mesma moeda. Concluo eu, a caminho do meu reinado, ao que torno e onde torneio tudo.

A lógica é um pilar, uma chave que serve de muito. Nem que seja na muita atrapalhação que causa. Os fios são restos traçados que nos agarram ao medo. O passado faz o chão. E tenha coerência ou não, o Amor não se sente ao olhar para o chão. Sente-se a olhar para o outro. Nos olhos ou nas letras, nas vezes em que tu me espreitas e a seguir te espreito. E depois ficamos perenemente nos olhos um do outro. Encontro uma cumplicidade que martiriza, mas sem a qual não sei se podia continuar a viver.

Mas afinal de que abdico eu? 

07 março 2012

O "Quase" da Sarah

"Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.

Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém,preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu."

Sarah Westphal

teve de ser. um amigo lembrou sem querer, sem saber. então teve de ser.

como do tudo se fazer mais ainda

após um silencio embaçado torna-se à libertação vocal. o estado embotado da voz, gravava na passagem quotidiana um gesto de permanência liberticida. dele mesmo. um ser que se apreende como andrógino, a quem lhe custa, por lhe parecer um saco de calhaus, falar do amor deliberado e que não lhe corte as costas.

- Prefiro nomear essa sexualidade de que fala como perversidade.

penso. sei que as coisas têm nome por terem de ter uma possibilidade de serem nomináveis.

é sentido conhecer que, neste jogo linguístico, importa mais o que se sublima por detrás das palavras e que se constroem em brincadeiras faladas, nos olhos ou nos ouvidos. os lábios são sempre o motor. na articulação de cada palavra muda, em cada grito dado num ferrar a pele, na indecência de dar a conhecer a própria voz.

o sol bate-nos na cara. empurra-nos para as obrigações bacocas, onde não se diz o que se quer, a quem se quer. no entanto, continuamos a falar. seja da forma que for.

Ana

05 março 2012

boa semana


assim começa mais uma semana, a de 5 de março a 9 de março. o fim-de-semana não existe. são dois dias vazios. dedico-a às coisas que não são o que deviam, num profundo movimento projectivo. o mal é que é perfeitamente consciente. como tudo o que trago por dentro.

Ana

02 março 2012

miminho

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tão lindo. tão lindo que é miminho para aqueles que precisam.

este blog talvez deixe de ser preto. por motivos mais do que óbvios.

às vezes fico lamechas!! que

 se me há-de fazer?

Lu