17 maio 2013

chove pra aí.

Não passas de um dia de inverno fora d'horas. Tu és somente o dia antes de amanhã, sempre no bater do relógio que não pára.

Tu choves na primavera como se fosse Novembro, porque te apetece. Podes, não é? E assim brincas com o coração que apertas de me levares para longe o Jorge.

- Jorge, estarei sempre à distância de um skype. Tem isso presente.

Ao menos isso.

Vou ignorar que hoje tu sejas frio e chuvoso. Vou-me estar a marimbar para que sejas cinzento e húmido.

Hoje és só mais um dia que antecede outro dia que me prolonga as distâncias.

Aprendo-me cada vez com as pessoas no meu centro cardíaco. Aguento. Como os outros. Quer tu chovas, quer não.

A vida justifica os aviões. Tira companhias à chuva, ao sol, no sofá, no café, na música. Mas deixa-as mais próximas nos meus olhos.

É só por isso que tu podes tornar-te dilúvio hoje. Não te temo. Tenho abraços importantes a dar. Conselhos de irmã mais velha, a que fica e não sabe se não esperar voltas e aeroportos ansiosos.

Ao Jorge só lhe peço calma. A ti... Olha, chove para aí que nem te vou olhar.

Lu

12 maio 2013

vês!?

na caixa cheia havia um barulho que não parava de bater.

sempre certo. lentificado. sempre troando.

barulhos à parte, não havia nada se não uma caixa por arrumar, cheia de tudo, sem poiso ou lugar.

a vastidão que lhe ia dentro afinal não lhe servia de nada. incómodo barulho que chama por duas mãos para a arrumar. ninguém chega. ninguém lhe liga.

ninguém...

não que quaisquer braços e olhos lhe servissem.

a caixa era só uma caixa, cheia de tudo. nada lhe podia faltar.

servia-lhe só o silêncio de fundo e o tom-tom-tom-tom nascido pelo meio dessas tantas coisas que tinha. essas que pareciam tudo.




08 maio 2013

ao tempo.

O tempo colide comigo.


Esbarro-me!

Versões do tempo. A versão do longe, longe, longínquo. A distância do tempo. O tempo por dentro. O tempo do relógio.

Tic-tac.

Tudo igual. Menos eu.