apesar disso, doem-me os ossos. sobretudo (não tenho nenhum) tenho podido correr bastante, ver bastante, ouvir bastante, falar bastante. lido assim, tenho bastante. dá para rasgar um sorriso. dá para dar uma gargalhada ou outra.
e dá para concluir que mesmo no nada se ganha bastante. a palavra de ordem é caminho. sem elas nem eles. sem sonhos de 0,79 euros e desconto em cartão. não sei se é assim. deixei de ver tv. deixei de ir ao pingo doce. deixei de me preocupar com preços. embora não me tenha sido a sorte grande, saiu-me o bastante.
e é assim que vivo. do bastante, não do que resta. vivo do bastante que posso ter. aos olhos de muitos é tão escasso e mísero. às minhas coisas bastantes - mãos, agenda, bolsos, carteira, gavetas, arrumos, adornos, no banco do carro - dou-lhes relevo cúbico. nada escapa. e assim nada sobra. não há sobras. nem tempo para sobras.
é que estou a aprender a andar de bicicleta. e tenho um grande professor - o pneu furado. pelo que me constou esse também deu aulas teórico-práticas aos posts ego-concêntricos. não é meu hábito, mas a justificação fugiria ao bastante com que me divirto todos os dias.
assim, anuncio que se vende bastante. dar já não dá com nada. com tanta redundância numa frase só, despeço-me cordialmente. vou andar de bicicleta. à chuva.
até quando? isso agora é que era bom. não digo. só porque não sei. a menos que me paguem.