23 março 2014

essencialidades do final do dia

perguntam por mim. 

eu ouço questões com profundo deleite. fico embevecida em saber que ninguém me sabe e quer saber. mas o que de mim está? o que de mim é? 

a roda-viva. 
a roldana oleada. 

quais ponteiros restam. perguntam por mim, mas não percebem que ponteiros tenho. não sabem senão as horas que parecem ter. 

verdade. ah, a verdade. que martírio. que deleite. qual crime não saber o tom do tic-tac. 

tenho coisas no regaço. são pérolas. são jóias. são flores e bagaço. parecem torpedos de dois gumes. cansaço. 

cansaço que me cansas e, de resto, me és tão reiteradamente essencial. 

perguntam por mim. quem me sabe? 


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