13 agosto 2014

Anda tudo com pressa, para cima e para baixo

Desde há pouco mais de um mês andar de elevador tornou-se frequente para mim. Já não é quando saio e chego a casa. Já não é apenas um dos dois elevadores que existem no prédio onde moro. 

Uso, com frequência, mais quatro, que são maiores. Um deles, o meu preferido tem um vidro estalado, como se fosse um corte perfeito que alguém fez ali, para dar conta de alguma coisa que se terá passado, na caixa do sobe e desce que a marcou de forma indelével. 

Por mais estúpido que possa parecer escrever sobre isto, aquela estaladela está ali todos os dias. É parvo, talvez rebuscado, ou até de loucos. Aquela rachadela relativamente comprida, quase perfeita mas que no fim (ou início) curva, visível a todos os escravos que se metem por dentro de caixas que sobem e descem, só vai desaparecer quando mudarem o espelho onde essa se mostra. 

Se isso acontecer, e por que não almejo ser boa pessoa, espero vivamente que o novo espelho, perfeitinho, como se fosse um gajo que faz a barba todos os dias, ou uma gaja que se pinta todos os dias, se estilhace em mil bocados. 

Sim, é isso! A mania da perfeição é um engano. E ainda mais engano se apresenta quando se acha que, após estalar o vidro, borratar o batom, rasgar as calças e partir a unha na porta do carro do namorado (por que estava empenada, culpa dele que não manda compor o raio da porta), as substituições por coisas novas vão correr tão bem que tudo vai ser imaculado. 

E isto... O meu pai já me tinha dito.