31 dezembro 2014

dia do calendário.

Primeiro, escrevi. Por algum motivo, apagou-se. Não fui eu. Simplesmente, deixaram de estar ali as minhas palavras. 

Estava escrito que eu não creio na mudança desta noite e nos balanços pré-definidos, nem nas uvas passas, nem no pé direito. Estava escrito que eu não uso o calendário, nunca me deu jeito. Eu tinha escrito que a meio de janeiro já ninguém se lembra de ser simpático como hoje e amanhã. Pois, eu tinha escrito isso tudo é apagou-se. Irónico. Como o tom de fundo que muitas vezes me premeia. 

Ser livre é abdicar do calendário. Sem culpas. Era isso que eu estava a dizer e depois aquilo desapareceu. 

Ser livre sai caro. 

Ser livre é fazer balanços quando bem se entende. E desejar a toda a hora. 

Não tenho desejos novos para esta noite. Só os que já tinha ontem, no meu "ontem" (e que grande ele está). Fará parte, isto de decidir que se vai mudar hoje. Fará parte da necessidade humana em definir a esperança, compactando-a num momento. 

Gosto de pessoas. Gosto da humanidade das pessoas. Sobretudo, consigo apreciá-la à distância. Qualquer telefone, Facebook e afins acabarão com isso. Mas hoje, brindemos juntos! Daqueles que têm tempo para nós!